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desde 1979

Um blog pessoal sobre várias visões: comida, cinema, música, alguma cultura, política e o dia-a-dia.

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05
Jun16

5 coisas que eu adorava comer em miúdo

Luís Veríssimo

Tal como havia pelo menos 5 coisas que eu não comia em miúdo, havia outras tantas que eu adorava. Era um perdido. Podiam-me alimentar só destas 5 coisas que eu era feliz. E como hoje é domingo e já estamos em Junho, todas estas coisas são bastante apetecíveis para esta altura. Fiquem com água na boca, eu já estou... Vou fazer o almoço para os sogros... Eis as 5 coisas que eu adorava comer em miúdo:

 

melancia Cropped.jpg

Melancia. Era e é uma das minhas frutas de eleição. Comia melancia aos quilos, deveria haver todo ano. É fresca, é saborosa e hidrata tanto como a água. E para um miúdo que era obrigado a beber água, a melancia era a melhor opção. Comia tanto deste fruto que num belo domingo de Agosto, tinha eu 10 anos, comi praí meia melancia. O pior foi durante a noite. Acordei com uma forte dor na barriga. Ia à casa de banho e nada. Chamei os meus pais, veio a minha mãe que me disse que era bem feito, que não deveria ter comido tanta melancia e que teria que aguentar a dor. Aguentei até ser insuportável. Lá fomos nós para o hospital. Descobriram que era apendicite e que teriam que remover o apêndice. Fiquei contente: podia continuar a enfardar melancia.

 

Amaijoas-a-Bulhao-Pato Cropped.jpg

Amêijoas à Bulhão Pato. Adorava os petiscos do meu pai. A minha mãe fazia a comida de todos os dias, portanto o meu pai podia brilhar com os seus petiscos. Cozinhadas no ponto e seguindo a receita original, que é do mais fácil e simples que há, as Amêijoas à Bulhão Pato conseguem ser algo divinal. Deve o seu nome a Raimundo António de Bulhão Pato (1828-1912), que para além de poeta e ensaísta e de escrever em jornais da época era, o que se pode chamar hoje em dia: um foodie: digamos que é alguém que gosta muito de comida e que por vezes escreve sobre comida, não querendo dizer que saiba cozinhar. Alguns cozinheiros e donos de restaurante homenagearam assim Bulhão Pato atribuindo o seu nome a este singelo prato de amêijoas.

 

peixe assado Cropped.jpg

Peixe Grelhado na Brasa. Há lá coisa melhor que um bom peixe grelhado na brasa? Em miúdo devorava carapaus atrás de carapaus. Bem regados com azeite e um pouco de vinagre. Não precisava de mais nada. Tive a sorte de viver a infância em Setúbal, terra de um excelente peixe. Íamos muitas vezes à praça, ao Mercado do Livramento na Avenida Luísa Todi, e depois grelhava-se o peixe num fogareiro na varanda, deixando os vizinhos em desespero. Também era costume fazerem-se grandes patuscadas no Parque de Meredas da Comenda, no sopé da Serra da Arrábida. Em alternativa ou quando íamos visitar os meus avós paternos, que viviam em Pegões, o quintal da sua casa servia perfeitamente para estes belos repastos. Eram daqueles almoços que demoravam o dia todo...

 

pimentos assados Cropped.jpg

Pimentos Assados. Tal como o peixe grelhado na brasa, os pimentos assados faziam parte das almoçaradas de família. São o acompanhamento ideal para este mês de Junho, durante os Santos. Normalmente servidos à parte e temperados com sal, azeite e vinagre. Há quem lhes adicione ainda alho muito picado, preferia e continuo a preferir sem. Como continuo a ser doido por pimentos, faço-os em casa no bico do fogão. Ligo o lume do fogão, coloco lá os pimentos em cima da chama e vou virando-os até estarem assados. Só assim, simples. Tem três problemas: se não se tiver uma boa exaustão de cheiros e fumos pode ficar algum cheiro na casa; suja imenso o fogão; e gasta-se muito gás, pois a chama tem que estar forte para poder assar bem os pimentos. Uma chatice.

 

salad Cropped.png

Salada. Com um bom peixe tem que vir uma boa salada. Pode ser simples, mas tem que ser fresca e boa, para poder equilibrar todos os sabores. Podiam ser apenas com alface, tomate e pepino. Para mim as saladas eram um mundo próprio onde todos os sabores da horta se concentravam. Chegavam a dizer que eu era um coelho. Era o rapador oficial: no final da refeição, quando sobrava um pouco de salada - e eu fazia questão que sobrasse-, para não se deitar fora, lá fazia o glorioso sacrifício de a comer. Adorava sacrificar-me! É por isso que actualmente as saladas são uma categoria de extrema importância na minha cozinha e na minha alimentação. Faço saladas de tudo e mais alguma coisa, frias ou quentes, quentes e frias; podem ser simples ou mais complexas.

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